Endometriose : A Vilã da vez...
Sim a endometriose é uma doença do mal, como costumo dizer as minhas pacientes. Porém se não podemos cura-la, podemos muito bem torna-la suportável. Na minha humilde opinião, a endometriose é uma doença desgastante tanto para a paciente quanto para o médico/a. Eu, cada vez que tenho que dar um diagnóstico de endometriose, choro junto com as pacientes, me desespero junto com elas e me preocupo com o futuro: não só reprodutivo, mas também em qualidade de vida. A qual também envolve os familiares e o parceiro (namorado/marido/companheiro). Essa doença carrega um estigma com ela, parece às vezes uma condenação ao mundo obscuro das dores intermináveis. Infelizmente ainda não sabemos de onde vem e porque apenas algumas mulheres desenvolvem a endometriose. Existem várias teorias porém nenhuma delas ainda comprovada isoladamente. Acredita-se que elas se associam ou se misturam. Algumas teorias existentes dizem respeito ao sangue menstrual que cai dentro do abdômen pelas trompas dando origem aos implantes de endometriose que a principio são pequenos focos que podem se tornar com o tempo nódulos ou aderências; outra diz que é um problema no sistema de defesa da mulher que tenta combater esse sangue e acaba estimulando um processo inflamatório com células de defesa do corpo e criando os focos e nódulos de endometriose; outra diz que muitas vezes o médico, durante uma cirurgia que abra dentro do útero (por exemplo a cesariana) pode levar essas células para outros lugares (por exemplo a pele da cicatriz da cesárea) e aí elas implantam, dando origem a nódulos ou focos de endometriose. Eu já tirei 2 nódulos de endometriose (os famosos endometriomas) logo abaixo da cicatriz da cesárea de pacientes. Sabemos que a endometriose não coexiste com alguns tipos de doenças, por exemplo: A síndrome dos Ovários Policísticos. Quando alguém me diz que tem endometriose e ovários policísticos, costumo brincar que tem que escolher uma. A endometriose é uma doença que atinge mulheres na idade fértil. Portanto não há mulheres menopausadas com endometriose. Mesmo porque para a doença se desenvolver é preciso Estrogênio, hormônio presente em baixa quantidade na menopausa. Bom, somente lembrar que pacientes com endometriose que entraram na menopausa não podem (ou não deveriam) usar reposição hormonal com estrogênio.
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Muitas paciente me procuram com "mil "exames já pedidos para SAAF (síndrome do anticorpo antifosfolipide). Esta síndrome está ligada a abortos de repetição. Como se isso fosse rotina de investigação de infertilidade.
Muitas se perguntam o que é isso? Eu tenho isso? Peraí !! Vamos tentar desmitificar um pouco toda essa historia !!! Geralmente as mulheres com SAAF não tem dificuldade para engravidar, mas então porque EU estou escrevendo sobre isso. Boa pergunta! Mas curiosamente, geralmente são os infertileutas que fazem o diagnostico corretamente.
Devemos pesquisar a SAAF se a paciente tem 2 ou mais abortos de 1o trimestre (podemos incluir aqui o ovo anembrionado), ou 1 perda gestacional entre 20 e 34 semanas sem explicação aparente ou bebe com restrição de crescimento dentro da barriga ou pré-eclampsia abaixo de 34 semanas ou episodio de descolamento prematuro de placenta abaixo de 34 semanas. Lembre-se paciente com historia de trombose (NÃO varizes), sempre investigar!!!! Atender a paciente com SAAF é muitas vezes um desafio para o médico, pois geralmente são paciente que tem perdas gestacionais tardias ou precoces sucessivas, estão muito fragilizadas, ansiosas e com medo ao mesmo tempo. O diagnóstico não é tão complexo assim: precisamos da clinica (historia da paciente), descartar outras causas orgânicas (como as malformações uterinas e incompetência istmo-cervical), e fazer os exames de sangue corretos. A história dessas pacientes como vocês puderam observar acima não são fáceis. Os exames que temos que fazer são:
Alguns desses exames não são colhidos em centros pequenos e muitos demoram a ficar prontos (até 20 dias ) o que deixa as pacientes muito ansiosas. Mas, calma, se seu médico pediu e o exame demorou não quer dizer que há algo errado. Muitas pacientes com a pesquisa da mutação do Metilfolato redutase( MTFRH), porém esse exame especificamente não é indicativo de nada: 40-60% da população geral tem alteração neste gene e não aumenta risco de trombose nem de perdas gestacionais. Se seu médico pediu: OK. Se veio alterado: não se estresse!!! O tratamento Eu costumo brincar que essas pacientes não tem problema para engravidar e sim para levar a gestação até o fim. Porém o tratamento é simples, mas doloroso :( Hoje usa-se heparina (enoxaparina 1mg/kg) do inicio ao fim da gravidez. Você pode estar se perguntando e AAS? Uso? Sim, sempre. Na dose de 100mg/dia do inicio ao fim da gravidez. Lembre-se: procure sempre fazer o pré natal com médicos que sabem manejar o uso, dose da heparina (Esse é um pré natal de alto risco e precisa ser bem acompanhado). Procure um hospital/maternidade que tenha um bom suporte tanto de UTI neonatal quanto de UTI adulto (NÃO adianta a maternidade bonitinha ou da moda). Último recado da semana: o diagnóstico é sempre individual. Procure um médico sério para realiza-lo ;) Obs: Posso ter esquecido ou resumido ou simplificado alguns detalhes para melhor entendimento. Qualquer outras dúvidas pode me perguntar que tentarei esclarecer da melhor forma possível por email, mas as vezes uma consulta com o médico olho-olho é o melhor esclarecedor!!! Agora que já sabemos o que é infertilidade e quando devo procurar ajuda. Acho legal discutirmos as causas de infertilidade. Vamos lá: Causas Femininas:
Causas masculinas:
A infertilidade atinge 10 a 20 % dos casais.
Muitos não sabem quando definimos infertilidade ou se confundem com o termo e o tempo de espera. Definimos infertilidade como a não gravidez após 1 ano tendo relações regularmente sem uso de métodos contraceptivos (camisinha, pilula, DIU, anel, adesivo, etc...). ATENÇÃO MULHERES!!! Se você tem mais de 35 anos esse tempo cai para 6 meses. E alguém pode estar se perguntando: o que é ter relações regularmente? É ter relações 2 a 3x/semana, MAS não vale sexta, sábado e domingo e nem só no "período fértil". (tenho paciente que me falam isso: só tenho relações no período fértil, hein?! ) Mesmo que você não tenha relações com tanta frequência não espere 2-3 anos para procurar ajuda, nem espera mais 1 ano após ler esse post e "acertar" a frequência das relações. Sinal amarelo para você procurar ajuda médica, mesmo que seja para tirar dúvidas e receber orientações. Existem 2 'tipos' de infertilidade: a primária e a secundária. A primaria é quem nunca engravidou e a secundária é quem já engravidou. Mas sinceramente: isso são só nomes. |
AutorNeste blog quero compartilhar informações descomplicadas sobre medicina, infertilidade, anticoncepção, gravidez, amamentação e outras coisas de mulher e mãe. Categorias
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